Adaptar à Crise

Entrevista Exclusiva: mercado gráfico precisa se adaptar à crise, mas desemprego é inevitável

 Fábio Sarje é presidente da Abigraf (Associação Brasileira das Indústrias Gráficas) da seccional de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Com foco no mercado, na crise e nas possíveis expectativas para o setor como um todo, o executivo conversou com o CeluloseOnline, veja abaixo:
CeluloseOnline – Em termos de crises, como está o mercado gráfico?
Fábio Sarje – O mercado vai se acomodar a crise. O mercado gráfico não tem outra opção que não seja se adaptar a economia. Então, alguns segmentos vão sofrer mais e outros vão sofrer menos, mas sofrer todos eles vão.
Dentro dos segmentos da indústria gráfica nós temos um que se ressalta que é o de comunicação visual: esse é pujante, cresce a cada dia, no tem percentuais negativos nos finais de ano, já os outros segmentos, infelizmente, estão chegando próximo a zero ou com positivismo de 1% ou -1%, mas ainda assim acima da queda que sofreu a indústria de transformação no Brasil, que fechou em patamares de -4,3%. Então, existe um otimismo relativo quando o assunto é mercado.
CeluloseOnline – O que seria se adaptar a economia?
Fábio Sarje – Por exemplo, as tiragens estão caindo: o cliente que imprimia 50 mil, agora está imprimindo 10 mil e o que imprimia 10 mil, agora está imprimindo mil. Então aquela gráfica que tinha o patamar de faturamento atrelado a esse cliente que imprimia 50 mil, ela vai ter que se adaptar e passar a atender esse cliente que agora vai imprimir menos.
Ou então, aquele segmento que é especializado em embalagens e que imprimia 50 mil caixinhas de perfume.. Hoje não vende mais 50 mil perfumes. Ele, então, passa a imprimir aquilo que é referente a realidade da crise econômica que a gente enfrenta.
CeluloseOnline – E isso significa que haverá desemprego no setor?
Fábio Sarje – Significa, infelizmente. A gente ainda não tem percentuais por estar no início do ano e entramos em época de negociação coletiva, mas fatalmente vai haver demissões no setor. Isso é inegável.
CeluloseOnline – Quais as ações da Abigraf para tentar amenizar essa crise?
Fábio Sarje – A Abigraf tem várias ações políticas. Uma delas, por exemplo, é fazer com que o livro nacional seja produzido no Brasil. Um grande colaborador bibliográfico, que fechou com o patamar de R$ 45 bi no ano passado, é o segmento editorial. Esse segmento específico está enfrentando uma crise que já vem de alguns anos, justamente por concorrer deslealmente com o mercado chinês, livro esse que entra no Brasil isento de tributação e tem o governo como maior comprador. Ao passo que o empresário brasileiro, quando tem que produzir o mesmo livro fornecido pelo governo dentro do Brasil, recebe a tributação.
Essa é uma briga política que está para ser encerrada neste ano, terá saldo positivo para a indústria nacional e a mudança nesse processo, se for favorável, pode provocar uma contratação maior – ao invés de ter desemprego vai ter emprego. Se o segmento de promocional e de embalagens vai desemprega mais, a contrapartida pode ser o segmento editorial.
CeluloseOnline – Esse saldo tem previsão econômica, também?
Fábio Sarje – Ainda não têm percentuais, até porque ainda precisa ser aprovado no congresso – lembrando que já foi aprovado pelo Senado.
CeluloseOnline – E o papel imune?
Fábio Sarje – O papel imune já não é uma briga e não tem tanta concorrência desleal. Graças às novas leis que foram implementadas pra ele, o mercado ficou menos vulnerável, com menos problemas.
CeluloseOnline – Então, como podemos definir a expectativa do mercado gráfico para esse ano…
Fábio Sarje – É positiva para:
  • Aqueles que conseguem se adaptar ao mercado – se estiverem, principalmente, adequando-se às novas tiragens do setor,
  • Quem estiver pensando em migrar para a comunicação visual e introduzir dentro do seu parque gráfico, e
  • Se tivermos as boas notícias do segmento editorial.
Ou então, vamos esperar a crise passar.

Fonte: celuloseonline.com.br

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